Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


sábado, 21 de março de 2015

Tempo de poesia

Só agora, quase a entrar no dia 22, arranjei uns minutos para falar na celebração do Dia da Poesia. Mas como diz Gedeão, todo o tempo é tempo de poesia.

Tempo de Poesia

Todo o tempo é de poesia
 Desde a névoa da manhã
à névoa do outo dia.
 Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia
 Todo o tempo é de poesia
 Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.
 Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.
Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.
António Gedeão

Incluo também um poema  do meu primeiro livro Reflexões e Interferências (2002)

Exploração

Qual exploradora,  parti um dia.
Embrenhei-me na selva da vida
onde sabia  andar escondida a poesia           
                                                   Encontrei-a
na luz ténue do sol ao fim do dia,
na molécula, no átomo, no quantum de energia,
nas leis de Newton, no conceito de entropia.
                                                  Encontrei-a
na reflexão da luz,  na impulsão no ar,
no cheiro a maresia e nas algas do  mar,
no orvalho, na geada, na chuva, no luar.
                                                   Encontrei-a
no ínfimo e  no imenso  que a vista não alcança,
nas rugas dum idoso, no rir de uma  criança,
numa tela, num concerto,  numa dança.
                                                    Encontrei-a
no voo da gaivota, na pétala da flor,
na chama que tremula e se multiplica em cor
e que  irradia energia na forma de calor
                                                    Encontrei-a
nas estrelas, nas galáxias mais distantes,
no olhar apaixonado daqueles dois amantes,
nos extintos dinossauros de dimensões gigantes.
                                                    Encontrei-a
em  medusas, corais, nos fundos oceanos,
no vento a  agitar nas árvores os ramos,
em  pinturas rupestres com vários milhares de anos
                                                     Encontrei-a
na violeta escondida no canto do jardim
e no frasco que continha essência de jasmim.
Tentei então guardá-la só para mim.
Foi assim que ela se evolou
e de novo eu aqui estou
a procurá-la.
Regina Gouveia

Termino com um poema de uma amiga minha que acaba de publicar o seu primeiro livro de poesia.

Cultivar o amor

Houve amores que chegaram outros foram sem querer
muitos deles adormeceram mesmo antes de morrer,
perdidos e não achados tantos  e tantos também
ficaram atormentados o coração estilhaçado
não souberam querer bem, o amor não escolhe idade
aparece sem dizer dá conta quando instalado
incrustado em todo o lado é chama de lume a arder
e quando esmorece cedo por força do mal querer
apaga-se o enamorado dá lugar a outro ser
que pode ter bom futuro ou acabar por ali
se não se alimenta - tem fome está condenado a morrer,
mas se cresce e se prolonga com força e vivacidade
terá por testemunho a sorte
pode o amor com vontade dizer olá à verdade
tornarem-se companheiros um do outro ter saudade,
não basta dizer que sim para colher no estio
as flores, as folhas e os frutos é preciso bem tratar
como o amor – cultivar.   

Maria Fernanda Bahia

2 comentários:

  1. Ouvir Mozart no Brava e ler estes poemas é simplesmente maravilhoso. Já conhecia os dois primeiros, mas adorei o terceiro. A tua amiga promete. Escrevi sobre as árvores e tb sobre a poesia hoje....

    Bom Domingo!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada. Já enviei o teu comentário à minha amiga. Agora vou ver o teu blogue. Aliás vi o anterior (sobre o pai) mas não consegui comentar.
      Bjs
      Regina

      Eliminar