Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


terça-feira, 13 de maio de 2014

Política e Cultura


A ideia de cultura foi sempre moldada pelas visões políticas de cada tempo.

E quando falamos em cultura e visão política vem-nos  à mente o reinado de D. João V , monarca seriamente

influenciado pelo iluminismo e  cujos investimentos na cultura são bem conhecidos. A título de exemplo vejamos

este vídeo sobre a Biblioteca Pombalina

Poderá objetar-se que esses investimentos surgiram essencialmente  à base da economia do ouro. Se esse

 facto é inegável, é inegável também que as opções de investimento poderiam ter sido outras, tal como poderiam

 ter sido outras as opções do atual governo que, a meu ver,  irá deixar marcas muito negativas, e eventualmente

 irreversíveis, na generalidade da governação e muito em particular nas áreas da educação e cultura

A troika fez diminuir brutalmente a despesa com a educação em Portugal, tanto no ensino básico e secundário 
como no ensino superior. Os cortes foram em muitos casos cegos, isto é, foram feitos sem atender a critérios
 de qualidade. A troika mandou cortar e o governo cortou em força rapidamente. Não se pode dizer que a 
escola pública esteja esse melhor com esse assim chamado "reajustamento"(...).

E por falar em educação, deixo imagens do Monumento de Homenagem  ao Professor e à Educação em Vila do 

Conde



Termino  propondo uma reflexão tendo por base excertos de um  texto de Concha CaballeroO dia em que acabou a crise!

Quando terminar a recessão teremos perdido 30 anos de direitos e salários…
Um dia no ano 2014 vamos acordar e vão anunciar-nos que a crise terminou. Correrão rios de tinta escrita com as nossas dores, celebrarão o fim do pesadelo, vão fazer-nos crer que o perigo passou embora nos advirtam que continua a haver sintomas de debilidade e que é necessário ser muito prudente para evitar recaídas. Conseguirão que respiremos aliviados, que celebremos o acontecimento, que dispamos a atitude critica contra os poderes e prometerão que, pouco a pouco, a tranquilidade voltará à nossas vidas.
Um dia no ano 2014, a crise terminará oficialmente  e ficaremos com cara de tolos agradecidos, darão por boas as politicas de ajuste e voltarão a dar corda ao carrossel da economia. Obviamente a crise ecológica, a crise da distribuição desigual, a crise da impossibilidade de crescimento infinito permanecerá intacta mas essa ameaça nunca foi publicada nem difundida e os que de verdade  dominam o mundo terão posto um ponto final a esta crise fraudulenta (metade realidade, metade ficção), cuja origem é difícil de decifrar mas cujos objectivos foram claros e contundentes:
Um dia no ano 2014, quando os salários tiverem descido a níveis terceiro-mundistas; quando o trabalho for tão barato que deixe de ser o factor determinante do produto; quando tiverem ajoelhado todas as profissões para que os seus saberes caibam numa folha de pagamento miserável; quando tiverem amestrado a juventude na arte de trabalhar quase de graça; quando dispuserem de uma reserva de uns milhões de pessoas desempregadas dispostas a ser polivalentes, descartáveis e maleáveis para fugir ao inferno do desespero, ENTÃO A CRISE TERÁ TERMINADO.
Um dia do ano 2014, quando os alunos chegarem às aulas e se tenha conseguido expulsar do sistema educativo 30% dos estudantes sem deixar rastro visível da façanha; quando a saúde se compre e não se ofereça; quando o estado da nossa saúde se pareça com o da nossa conta bancária; quando nos cobrarem por cada serviço, por cada direito, por cada benefício; quando as pensões forem tardias e raquíticas; quando nos convençam que necessitamos de seguros privados para garantir as nossas vidas, ENTÃO TERÁ ACABADO A CRISE.
Um dia do ano 2014, quando tiverem conseguido nivelar por baixo todos e toda a estrutura social (excepto a cúpula posta cuidadosamente a salvo em cada sector), pisemos os charcos da escassez ou sintamos o respirar do medo nas nossas costas; quando nos tivermos cansado de nos confrontarmos uns aos outros e se tenhas destruído todas as pontes de solidariedade. ENTÃO ANUNCIARÃO QUE A CRISE TERMINOU. (...)


2 comentários:

  1. Muito bom o texto de Concha Caballero. Eu já o conhecia. Mas o que me parece é que a troika não quer terminar já a sua "ajuda". Ainda não chegamos aos extremos anunciados por Concha Caballeros. É só uma questão de um bocadinho mais de tempo.

    Um beijo.

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  2. Tudo isto me deixa muito confusa porque acho que Portugal foi um joguete nas mãos dos países europeus mais fortes, não foi o governo propriamente dito que ditou todas estas medidas - algumas delas úteis - mas a Europa. Há tres anos que estamos a ser governados por outros e portanto, fosse outro o governo, estaríamos na mesma situação.
    Continuo a não acreditar que a crise toque assim tanto os portugueses....é ver a bola, a música, o turismo, as festas, a noite do Porto, Lx e outras cidades....sem falar nos carros topo de gama, as casas de luxo, etc. ainda há muita gente que festeja nem sei o quê e que tem dinheiro para gastar....
    Governo que venha tem de manter o mesmo ritmo de limpeza das contas públicas....seja ele quem for.
    Bjo

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